O diretor-executivo da Midjiwan, Christian Lövstedt, publicou uma carta aberta contundente acusando as principais premiações de videogames de desprezarem de forma sistemática os jogos móveis. Segundo ele, o setor alimenta um preconceito histórico ao tratar esse segmento como sinônimo de monetização predatória e baixa qualidade, o que impacta diretamente sua valorização cultural.
A crítica veio na esteira da divulgação da pré-lista do BAFTA Games Awards de 2026, que incluiu apenas um título desenvolvido prioritariamente para celulares entre dezenas de concorrentes. Para Lövstedt, esse cenário confirma um padrão recorrente.
Na carta, o executivo aponta que grandes premiações, como IGN Awards, GDC Awards, D.I.C.E. e o próprio BAFTA, ignoram vitórias relevantes de jogos móveis mesmo quando eles alcançam enorme impacto comercial e cultural.
Ele cita o exemplo do D.I.C.E., considerado uma das poucas instituições que reconhecem o segmento, mas que nomeou um jogo móvel ao prêmio de Jogo do Ano apenas duas vezes na história: Angry Birds HD e Pokémon Go. Ainda assim, nenhuma dessas indicações apareceu em outros eventos de grande relevância.
Jogos móveis de gêneros tradicionais também sofrem com essa barreira. Lövstedt menciona casos como o RPG Fantasian e o puzzle Grindstone, que só foram lembrados na categoria de Melhor Jogo Móvel, sem qualquer indicação a prêmios de gênero ou categorias gerais como direção de arte.
Para ele, isso evidencia um preconceito estrutural. Em suas palavras, parte da indústria simplesmente não considera móvel como “jogo de verdade”.
A Midjiwan é responsável por The Battle of Polytopia, originalmente criado para celulares e que depois chegou a computadores e consoles. Lövstedt afirma que o jogo entrega profundidade estratégica equivalente a títulos tradicionais, reforçando que o potencial criativo da plataforma é frequentemente subestimado.
Ele argumenta que premiações e veículos de mídia moldam narrativas culturais. Ao excluir o móvel, enviam a mensagem de que a plataforma não é um espaço legítimo para ambição criativa. Segundo o executivo, isso impacta contratação, investimento e visibilidade, prejudicando o maior público da indústria.
Lövstedt conclui alertando que ignorar a “maior e mais criativa plataforma” pode levar a uma definição cada vez menor do que significa videogame, restringindo inovação e diversidade.
A carta reacende o debate sobre o reconhecimento dos jogos móveis e seu papel no futuro do mercado.

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